quinta-feira, 24 de junho de 2010

LEITE QUENTE E LAXANTES.

“A tensão de Kurt se refletiu na platéia: ela estava reservada, antinatural e à espera de que ele desse uma deixa para relaxar completamente. Essa deixa não veio, mas a tensão no ambiente – como a de um jogo de final de campeonato – serviu para tornar o show mais memorável. Quando chegou o momento de tocar “Pennyroyal Tea”, Kurt perguntou ao resto da banda: “Eu vou fazer esta sozinho ou o quê?”. A banda não conseguira terminar nenhum ensaio da canção. “Faz você sozinho”, sugeriu Grohl. E Kurt fez, embora na metade da canção ele parecesse empacar. Ele tomou um fôlego muito curto e, quando o exalou, deixou a voz rachar no verso “warm milk and laxatives”, e foi nessa decisão – de deixar a voz rachar – que ele encontrou a força para avançar rapidamente. O efeito foi notável: era como assistir a um grande cantor de ópera, em luta com uma doença, completar uma ária deixando que a emoção, e não a precisão das notas, vendesse a canção. Por diversas vezes, era como se o peso da asa de um anjo pudesse fazê-lo fracassar, mas as canções o ajudavam: as palavras e frases musicais eram parte tão integrante dele que Kurt as poderia cantar semimorto e elas ainda seriam potentes. Foi o maior momento isolado de Kurt no palco e, como todos os pontos altos de sua carreira, vinha numa hora em que ele parecia fadado a fracassar.”

Trecho do livro: HEAVIER THAN HEAVEN - MAIS PESADO QUE O CÉU, Uma biografia de Kurt Cobain; de Charles R. Cross, ed. CLOBO.



Pennyoryal Tea

Não estou em dívida com ninguém
Tenho uma péssima postura
Sente-se e beba o chá de poejo*
Destile toda vida que existe em mim
Sente-se e beba o chá de poejo
Sou a realeza anêmica

Me dê um pós-vida ao estilo Leonard Cohen
Assim eu poderei suspirar eternamente
Estou tão cansado que não posso dormir
Sou a realeza anêmica
Sou um mentiroso e um ladrão

Estou vivendo á base de leite quente e laxantes
Anti-ácidos com sabor de cereja
Sente-se e beba o chá de poejo
Destile toda vida que existe em mim
Sente-se e beba o chá de poejo
Sou a realeza anêmica

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