domingo, 9 de janeiro de 2011

PÉROLAS?! EU AS QUERO.

Melhores do ano - Música
por Martim Vasques da Cunha

Um dos grandes problemas entre os chamados jovens conservadores – que não são jovens coisa nenhuma, são apenas velhinhos que se vestem como hipsters – é que eles desprezam a música pop e ficam arrotando sobre as benesses da música erudita, como se soubessem Bach e Mahler a torto e a direito.

Da parte que me cabe, música pop, o velho e bom rock-n´-roll são tratados como arte – e vá para o brejo quem quiser me confrontar com argumentos pseudo-eruditos.

Assim, digo que o melhor álbum do ano é Olympia, de Bryan Ferry, que mostra como se faz rock com elegância. Cheio de referências à primeira fase do Roxy Music, Olympia tem o charme de uma noite regada a sexo que depois desembocará na ressaca da realidade. Contudo, tudo isso acontece com muita finesse – algo complementado com a visão de nossa Olympia atual, uma Kate Moss rechonchuda para os seus próprios padrões e que mostra a destruição dos abusos do tempo em suas linhas antes tão angelicais.





Agora, se você procura redenção, vai encontrar em The union, álbum que reúne Elton John e Leon Russell; o primeiro se mostra aqui como uma diva pop que se arrepende de uma vida desregrada; o segundo, já destruído por uma vida que quase caiu no esquecimento, volta como o troubadour evangélico e mostra que sempre foi um estranho numa terra estranha. Nunca gostei de Elton John – a visão dele cantando Candle in the wind no funeral de Lady Di ainda me provoca pesadelos – mas dou meu braço a torcer desta vez e afirmo que ele produziu uma obra-prima.





The union foi produzido por T-Bone Burnett, que também ajudou Elvis Costello em seu National Ranson, um ciclo cômico sobre o capitalismo nos EUA. Costello mostra seu habitual brilhantismo em composições intrincadas que, mesmo para um ouvinte muito sofisticado, devem soar excêntricas.





É isso. Esta foi a minha lista de melhores do ano de 2010. Quem quiser reclamar, a caixa de comentários está para isso mesmo, obviamente dentro das regras da boa educação.

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