quarta-feira, 4 de novembro de 2009

EM BUSCA DA RESPOSTA PERFEITA



José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha, pernambucano de Surubim (nascido a 30 de setembro de 1917), que, amedrontando calouros com um simples abacaxi, chegou a dar 60 pontos no Ibope. Não há na história do rádio e da televisão um apresentador que tenha sido mais popular.
Entre gansos e galinhas
Ao ver frustrado o sonho da medicina - tinha pavor de sangue -, Abelardo rumou para o Rio de Janeiro, nos anos 40. Era locutor na Rádio Vera Cruz quando ouviu a frase de um chefe: "Sua voz é terrível e você não tem talento para a comunicação." Demitido, deu a volta por cima na Rádio Clube de Niterói, com o programa O Rei Momo na Chacrinha, que entrava no ar às 11 da noite por ser impróprio para menores. O título esdrúxulo surgiu porque a emissora funcionava numa pequena chácara. Gansos e galinhas passeavam entre os funcionários. Com o passe disputado, pulou de uma emissora para outra, até parar na televisão, em 1957, de onde não saiu mais.
Alô, Alô, dona Raimunda, como vaaaaaaai, vai bem?" Bordões como esse "ele tirava ouvindo as pessoas na rua. A genialidade dele estava em saber que algumas gírias e o palavreado simples do povo podiam fazer sucesso na tevê", disse a ISTOÉ o filho Leleco Barbosa. Com a famosa buzina na mão (adereço que descobriu ainda criança, quando o pai comprou um carro e ele passava o dia inteiro buzinando no ouvido da vizinhança), azucrinava platéia e telespectador. Censurado sob a acusação de pornográfico e alienado, respondia: Eu sei o que o povo precisa para se divertir." E, de fato, sabia. Na década de 80, quando Carla Perez e Tiazinha usavam fraldas, as chacretes faziam a alegria de milhões. Rita Cadillac, a mais famosa, foi escolhida a dedo. "Tem que ser boazuda, ter coxões e peitos grandes, porque homem só gosta de magra para casar", dizia.
"Terezinha, uuuuuhhh!"Moçoilas dançando ainda são peça fundamental dos programas de auditório e só reforçam a velha frase de Chacrinha: "Na televisão, nada se cria, tudo se copia." Outra marca registrada era chamar a Terezinha, personagem misteriosa cuja origem tem inúmeras versões. Dizia que era para rimar com a patrocinadora Águas Clarinha. Mas o irmão Jarbas Barbosa garante que Terezinha era uma fã enlouquecida que o perturbava diariamente. A imaginação sarcástica de Nelson Rodrigues criou uma Terezinha fictícia: Ela já se matou 15 vezes e espantou moscas do próprio velório. É namorada, esposa e viúva." Chacrinha morreu, de parada cardíaca, a 30 de junho de 1988. Trinta mil pessoas acompanharam o enterro do Velho Guerreiro, apelido dado por Gilberto Gil na canção Aquele abraço. Onze anos depois, a imagem que o povo tem de Chacrinha é a que ele sempre quis deixar. "O maior elogio que posso receber é ser chamado de louco", dizia.
Você sabia?
Quando o bacalhau encalhou nas Casas da Banha, seu patrocinador na TV Tupi, Chacrinha arrumou um jeito de reverter a situação. Durante o programa, virava-se para o auditório: "Vocês querem bacalhau?" A platéia disputava a tapa o produto. As vendas explodiram e ele explicou: "Brasileiro adora ganhar um presentinho."

Vá assistir ao documentário. Mas enquanto isso :









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