quinta-feira, 14 de julho de 2011

"ARTE" NA RUA # 64

O quê desenharia hoje?



Artista brasileiro vence um dos maiores concursos de Toy Art do mundo

Toy art não é exatamente o brinquedo anunciado no nome do objeto, mas há algo de infantil no universo de artistas e referências que alimentam a prática. Coloridos, irônicos, às vezes violentos e sempre engraçados, os toys art viraram uma febre na mão de colecionadores ligados em grafite e cultura pop. E o fenômeno existe há quase uma década, mas somente agora começa a fincar raízes no Brasil e a dupla Sérgio Mancini e Igor Ventura, do Red Mutuca Studios, são um pouco responsáveis. Este ano, Mancini foi o artista premiado no Munnyworld Megacontest, um dos maiores concursos de Toy Art do mundo. A competição é realizada todos os anos pela fabricante Kidrobot e consiste na escolha de 20 artistas incubidos de customizar o Dunny, um coelhinho de plástico com seis centímetros de altura considerado a estrela da Toy Art. “É o Oscar da Toy Art”, garante Mancini.




O artista de 41 anos ouviu falar nesses brinquedos customizados pela primeira vez em 2007. “Vi um boneco em uma loja e comecei a pesquisar e colecionar. Aí percebi que muita gente comprava e tirava a tinta para pintar por cima”, conta o paulistano, que passou a imprimir nos brinquedos os próprios traços. Mancini gosta de criar personagens com estilo limpo e conceitos subentendidos. “Mesmo que sejam amalucados, eles sempre têm algum sentimento a expressar, como raiva, depressão, ingenuidade.

A moda dos Toys Art começou em Hong Kong e se espalhou pelo mundo. Normalmente, os objetos consistem em pequeninos bonecos de vários formatos e expressões produzidos em série e geralmente desenhados por artistas gráficos. Esse é o padrão, mas no Brasil, onde é difícil ter acesso aos lançamentos, a criatividade expande a prática para outros brinquedos. Na falta do tradicional, Mancini aponta carrinhos, skates e outros objetos como ideais para a Toy Art. O importante é encarar a superfície como uma tela de pintura. “O grande barato é você ver uma criação livre sua numa peça em 3D. É diferente de você desenhar um toy pra crianças, por exemplo, onde você tem que seguir certas regras e padrões de mercado para que este possa vender. No toy você faz o que bem entender, com as cores e grafismos que quiser.”



Como os brasileiros não têm acesso fácil ao material do Toy Art, Igor Ventura, 31, aponta outras superfícies muito comuns por aqui, como tecido, resina e papel. “Toy Art é um brinquedo para adultos e colecionadores, então tem um traço mais violento, urbano, tem uma crítica, um conceito.” Ventura, sócio de Mancini na Red Mutuca, também foi selecionado no Munnyworld Megacontest de 2010 e ficou em terceiro lugar. “É a primeira vez que brasileiros ganham esse prêmio”, explica. “E os processos de produção de Toy Art no Brasil são um pouco mais difíceis que nos Estados Unidos ou na China.”

Por Nahima Maciel, do Correio Braziliense

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