por Martim Vasques da Cunha
Um dos grandes problemas entre os chamados jovens conservadores – que não são jovens coisa nenhuma, são apenas velhinhos que se vestem como hipsters – é que eles desprezam a música pop e ficam arrotando sobre as benesses da música erudita, como se soubessem Bach e Mahler a torto e a direito.
Da parte que me cabe, música pop, o velho e bom rock-n´-roll são tratados como arte – e vá para o brejo quem quiser me confrontar com argumentos pseudo-eruditos.
Assim, digo que o melhor álbum do ano é Olympia, de Bryan Ferry, que mostra como se faz rock com elegância. Cheio de referências à primeira fase do Roxy Music, Olympia tem o charme de uma noite regada a sexo que depois desembocará na ressaca da realidade. Contudo, tudo isso acontece com muita finesse – algo complementado com a visão de nossa Olympia atual, uma Kate Moss rechonchuda para os seus próprios padrões e que mostra a destruição dos abusos do tempo em suas linhas antes tão angelicais.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigr9pa96iwXmTXIB_K__p_wKCYFNMVdsMzVWaizkLn1nWUBmwuCGy18Imj41UrwraCcIgJ_PUFFzZB6hvfPCUKUz-7PJcZGrnpOVKWZ__wAdt5I9YXN1U6XlRTQCta68jUgX9-3j8NZQ/s400/bryanferry-olympia.jpg)
Agora, se você procura redenção, vai encontrar em The union, álbum que reúne Elton John e Leon Russell; o primeiro se mostra aqui como uma diva pop que se arrepende de uma vida desregrada; o segundo, já destruído por uma vida que quase caiu no esquecimento, volta como o troubadour evangélico e mostra que sempre foi um estranho numa terra estranha. Nunca gostei de Elton John – a visão dele cantando Candle in the wind no funeral de Lady Di ainda me provoca pesadelos – mas dou meu braço a torcer desta vez e afirmo que ele produziu uma obra-prima.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioGdPiYDbMsw7jgZmt9TQ_cRPduUV0_Ha4qajXcux8c72_H5o5LLZgHEXIPd2FdPZdqsSf4RY249cCu3FmkfQU6z6IgZRmbK_l6dWfQRyuT_b4IWJXNhPVTc-4wYfSI1o9vZAjlq6x2w/s400/Elton-JohnLeon-Russell.jpg)
The union foi produzido por T-Bone Burnett, que também ajudou Elvis Costello em seu National Ranson, um ciclo cômico sobre o capitalismo nos EUA. Costello mostra seu habitual brilhantismo em composições intrincadas que, mesmo para um ouvinte muito sofisticado, devem soar excêntricas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI8yfub9AxQsKUIeqdAejlXIU1yRxtLMVhmBj7JU50FPe9g3iwpe4gNMhfN5byVQcA6rqsIwZA98_GlyIubmPpqzcG3OvMME1cVTSd9q6f3CkJW31fUvPiao4OTe1PywMYLej6U5qomg/s400/Elvis-Costello-National-Ransom.jpg)
É isso. Esta foi a minha lista de melhores do ano de 2010. Quem quiser reclamar, a caixa de comentários está para isso mesmo, obviamente dentro das regras da boa educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário