segunda-feira, 27 de junho de 2011

EU QUERO CHOCOLATE!!!

CHOCOLATE é quando um time vence bem (e foi), geralmente por um placar elástico (e foi) ou jogando com dribles desconcertantes (e foi), fazendo o adversário ficar só olhando (e foi).
Foi 5 X O.
Busca lá no fundo Rogério Ceni "100" gol ontem!!!



“Como no futebol, na arte se deve fazer coisas espontâneas, com a marca do amor e com entusiasmo, para se emocionar e emocionar as pessoas.”
Bela frase, né, velhinho? É do pintor que levou a emoção da arte ao futebol e do craque que levou à arte a emoção do futebol.

Francisco Rebolo Gonzalez nasceu na Mooca pouco tempo depois de seus pais terem chegado da Espanha. Tinha 8 anos e levava a marmita para o irmão, José, pintor de paredes e amigo de Antônio Pereira – um dos operários que acabava de fundar, no Bom Retiro, um club de football.

Rebolo foi se interessando pelas duas coisas: a pintura e a bola. Na primavera, velhinho, ele aprimorou uma técnica naive e espontânea que fez dele uma mistura de Norman Rockwell com Edward Hopper, embora tivesse no gene a arte indômita de Goya e de Picasso – virou pintor de painéis evocativos de cenas rurais e urbanas nas mansões dos novos-ricos do café. Com Volpi, seria o pioneiro de arte povera no mundo, tendência que teve como ímã aqui no Brasil o Grupo Santa Helena, de artesões de mãos calejadas.

Nas peripécias da bola, Rebolo se revelou um ponta veloz e determinado, revezando-se com Gambarotta no tricampeonato de 1922/3/4 – o primeiro conquistado por um esquadrão na Liga Paulista. À época, meu caro velhinho, essa convergência Rebolo-Corinthians transcorreu naturalmente, mas seria mais ou menos como esperar ver um dia Robert Rauschenberg servindo de pitcher para o New York Yankees.

O Corinthians de Rebolo ficou ensanduichado entre a iniciação dele no São Bento e sua aposentadoria no Ypiranga, mas foi no alvinegro que o coração do artista sempre esteve, até 77 anos. A pedido da diretoria, fez, de bom grado, o novo distintivo do clube, que, ao se mudar para a Zona Leste, em 1926, primeiro passo para instalar-se na Fazendinha, posteriormente Parque São Jorge, passava a ser também “de regatas”.

Rebolo incluiu os dois remos na insígnia e criou o que eu chamaria, velhinho, de um collector’s item. Nosso complexo esportivo tem o rio Tietê a banhar-lhe os pés, e é compreensível que o futebol do Timão precise dividir as atenções com o hábito das competições aquáticas, que vêm, desde então, sendo praticadas nesse rio límpido, cristalino – uma versão melhorada, velhinho, do Tamisa.

Quem sabe, numa escapada sua por aqui, a gente não se aventure a uma regata?

Trecho do livro CORINTHIANS É PRETO NO BRANCO, de Washington Olivetto e Nirlando Beirão.

PS: No livro é “Ed” e não “velhinho”.

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