quinta-feira, 29 de outubro de 2009

SIMPLICIDADE FOR MANDA

5 ANOS DEPOIS

Grande lenda das ondas sonoras inglesas John Peel.



Torcedor dos Reds, teria ficado louco com a sacola de 4X1 no Manchester United.



A Universal lançou dia 26 de outubro (um dia após a data que marca a morte do radialista) uma caixa comemorativa com 4 CDs.
Chama-se Kats Karavan e deve figurar como item obrigatório na estante de musicófilos ao redor do mundo.
Entre as já divulgadas estão faixas de bandas como The Slits, The Jam, The Cure, Thin Lizzy, The Damned, Mercury Rev, Noise Terror, Small Faces, Aswad, Medicine Head, Linton Kwesi Johnson, That Petrol Emotion, Extreme Noise Terror, Ivor Cutler, Milo e Bloc Party, além de faixas raras (inclusive uma que a BBC considerava perdida: "Walk In My Shadow do Free).
A caixa contará ainda com fotografias de arquivo das bandas e memórias pessoais dos participantes.
4 CDs podem não ser suficientes para cobrir mais de 40 anos de positivas contribuições à boa música. Mas é um começo.



O blog Kat's Karavan tem se dedicado a arquivar e manter disponível uma série de artigos sobre a memória e trabalho de John Peel, incluindo arquivos de audio e tracklists completos de programas antigos. Entre os posts recentes um chama a atenção: a primeira edição do "Night Ride", programa que Peel começou em 1969 na BBC.

Um pequeno tributo para uma GRANDE cara.

AO CUBO DOUTOR



Apresentação
O quinto campeonato de cubo mágico no Brasil vai acontecer em São José do Rio Preto, São Paulo, nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro de 2009.
A competição é reconhecida internacionalmente pela Associação Mundial de Cubo Mágico (World Cube Association), e os resultados farão parte dos rankings oficiais. A participação é aberta a qualquer pessoa, de qualquer idade e nacionalidade.
É importante que os participantes leiam e se familiarizem com as regras da WCA. A versão original, em inglês, pode ser encontrada aqui.
Veja os eventos que serão realizados.



Apresentação de slides de divulgação do campeonato:
http://www.mat.ibilce.unesp.br/unespopen/ap.ppt

ANIMAÇÃO POR QUE NÃO #3

Guitar Hero - Last Nite

ANIMAÇÃO POR QUE NÃO #2

Guitar Hero - Voodoo Child

ANIMAÇÃO POR QUE NÃO #1

Guitar Hero - Schizophrenia

MONA É UMA MENINA QUE ACREDITA SER VAMPIRA



Conheça as histórias de uma menina chamada Mona, que acredita ser uma vampira e sempre dá uma de detetive. Ela usa dentes caninos reluzentes e sempre está vestida com uma capa feita da cortina da sala de jantar. Nas aventuras, ela conta com a ajuda da turma - como o gato vampiro, o menino Dentuço, o melhor amigo Charlie e a melhor amiga Lily - para achar as soluções de estranhos mistérios que atormentam a sua cidade.
Mas como a protagonista tem uma imaginação fértil, o público infantil nunca se sabe o que é realidade ou fantasia. Repleto de ação, este seriado não só diverte, mas educa os espectadores. Crianças de todas as idades vão se divertir e aprender muito com a série, que traz as aventuras de Mona sempre em apuros para combater o mal. A cada episódio, a vampira aprende uma nova lição. É o caso do episódio "O abominável vírus do computador", em que os habitantes da cidade são hipnotizados por um jogo digital.
O desejo de conhecer um segredo revelado apenas no fim do jogo deixa a cidade inteira hipnotizada e Mona, mais uma vez, entra em ação. Com essa história, as crianças aprendem que a ambição, a ansiedade e a curiosidade ao extremo são ruins e podem prejudicar as relações com os amigos e familiares.

TV CULTURA
Segunda a sexta, 13h45



Tem para comprar também:



Mona, a vampiro está disponível em VHS e DVD e traz, em 100 minutos, muita diversão, aventura e aprendizado. São oito pequenas, divertidas e educativas histórias:
- O furioso ataque de Von Kreepsula;
- O abominável vírus de computador;
- O infeliz cachorro fantasma;
- Uma aventura jurássica;
- O terrível homem-aranha;
- A noite do manequim vivo;
- Caçador de vampiro;
- O feitiço das sereias;
- Etc...

A ENGRAÇADA FAMÍLIA-MONSTRO



Belezas à parte, sete monstrinhos mostram como uma família unida, engraçada, divertida e inteligente resolve seus inúmeros problemas. Todos moram na rua dos Castanheiros, nº 1234567, e ficam o tempo todo sob os cuidados da mãe.
Cada um dos sete irmãos tem diferentes feições monstruosas e divertidas personalidades. Com muitas gargalhadas e vários contratempos, eles enfrentam os desafios da infância e ajudam uns aos outros.

TV CULTURA
Segunda a sexta, 11h15
Sábado, 12h



Tem para comprar também:



COLEÇÃO OS SETE MONSTRINHOS COM 4 DVDS COM 20 EPISÓDIOS NO TOTAL

Para as criança e adultos de todos as idades.

REFLEXÕES DE UM VIRA-LATA


Isso é uma coisa que está sendo vista ontem: "-MEREÇA O FUTURO!"
Só Kaká e Cristiano Ronaldo salvam... é BOM PROBLEMA, é OURO DE TOLO.
Lá noche más grande, chove fraco, venta. Faz frio.
Nesse clichÊ, temas e variações, nada melhor que um chocolate com pimenta importado.
$ enquanto o homem bomba explode na esquina;
$ telescópio vê estrela mais velha do universo;
$ cuidados evitam intoxicação por alimentos;
$ e livro mostra rotina violenta do Led Zeppelin.
Chega tão esperado 1º volume DELUXE da morte do Super-Homem.
Frases, Lições, Tendências, Debates,... meu nome é
O Ser ou Não Ser... Sarcasmo... 1,99 na lojinha da esquina.
Para simplificar o negócio, o verão está chegando.
Eufemismo ou Disfemismo? Minha mão chega e diz: "-CINISMO".
Tá na vitrine e cresce cada vez mais.
Charmosa Paris volta irônica, quem manda?
Ou como disse aquele outro carinha do sofá: "-O Tempo é Implacável!"

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MÁGIA FOR MANDA

FANZINE: CADÊ O MEU Nº ???


Incrível, na gringa os caras tão mandando ver no papel, tesoura, cola, canetinha, e outro bichos legais.
Do Google tradutor:
Da metade para o final dos anos 90 foram uma época de ouro para zines de música, uma que nós provavelmente nunca veremos novamente.
Primeiro de tudo, as gravadoras estão falindo por causa de suas práticas profissionais incompetentes e têm pouco ou nenhum dinheiro para gastar em anúncios impressos.
Jornalismo musical em grande parte fugiu da publicação em papel, aproximando-se dos elétrons voadores e snarks aleatórios da rede mundial.
Com a edição # 57, zine Jim Testa Beat Jersey atingiu outro marco, quebrando a marca de 100-página no seu 15 ano de publicação.
Então, o que esse problema de super-fat Beat Jersey incluir?
Como cerca de entrevistas com punk lendas Murphy's Law, Weston, Footstone, Kid Com Man Head, Tommy Griggz, Trip 66, hip-hop Doença banda e emo antepassados The Promise Ring. Esta edição também inclui até mesmo opiniões e colunas mais do que nunca, bem como a cobertura de Testa de 1996 Asbury Music Awards, realizada em Asbury Park, NJ, ea cobertura do Festival de WE DIY cultura em Wilmington NC. Eu sei que eu tenho mais problemas de JB aninhado, por isso vamos buscar a história de outro tempo!

OBA! HOJE TEM CHARUTO!

Lançamento:
Senhor F Virtual - Discos-Cheios 008
Repolho - Vol 4

Uma das bandas mais importante da cena independente nacional, a chapecoense Repolho, chegou ao quarto disco, que lançamos em parceria com outros selos e blogs do país.
"O lado A do disco (que só tem um lado) é formado por quatro músicas novas (que poderia ser um single, mas não é)" - continuam eles - e mais uma enfiadas de clássicos em diversos formatos.
Tem versões acústicas, feitas para um especial da MTV, no ano passado, outras "ao vivo" e, ainda, regastes, como "Lover Caos" (em versão fita cassete).
O disco foi gravado em Porto Alegre no estúdio Fuinha Feliz (agora Estúdio LKR), em parceria com Osmarmotta, banda portoalegrense que também participa em algumas faixas do disco e foram os responsáveis pela gravação e mixagem.
A produção ficou a cargo da própria banda e a masterização ficou por conta do Thomas Dreher.

As músicas (para baixar gratuitamente)

- Versão editada

- Versão ininterrupta

SÁBADOS SECRETOS #1

Nada pra fazer...?! BELEZA!!! Sessão filminhos VHS perdidos.
Como relembrar é viver, caraca... que é isso, assisti muitas vezes estes filmes com minha filha.
Ela era pequena, valendo assim a máxima teletubiana:
"- DE NOVO, DE NOVO, DE NOVO PAI!!!
Que Puxa! Vamo lá minduinho... rsrsrsrsrsrs... TRILOGIA AS TARTARUGAS NINJA




sinopse:Depois de ser atacada por trombadinhas, a repórter April O'Neil (Judith Hoag) é salva por tartarugas mutantes, que passaram a se dedicar a combater o crime desde que foram contaminadas por uma substância radioativa nos esgotos de Nova York e se tornarem guerreiros após serem treinados pelo mestre Splinter. Aliadas a Casey Jones (Elias Koteas), elas combatem a organização Foot, que lança uma onda de crimes na cidade sob o comando do perigoso Demolidor.



sinopse:As Tartarugas Ninja estão procurando um novo lugar para morar nos esgotos de Nova York, quando encontram integrantes do clã Foot, liderado por Destruidor (François Chou). É quando eles descobrem o Ooze, a substância que transformou as próprias Tartarugas Ninja. Destruidor usa este material para criar dois novos capangas, Tokka (Kurt Bryant) e Rahzar (Mark Ginther), e os envia para provocar destruições na cidade. Com a ajuda da jornalista April O'Neill (Paige Turco), do professor Jordan Perry (David Warner) e do entregador de pizza Keno (Ernie Reyes Jr.), as Tartarugas Ninja precisam detê-los.



sinopse:Um cetro mágico comprado pela jornalista April O'Neill (Paige Turco) acidentalmente a transporta a para o Japão do século XVII. As Tartarugas Ninja também viajam no tempo, no intuito de salvá-la, mas Michelangelo (David Fraser) se perde do grupo. Para reencontrá-lo e salvar April, Donatello (Jim Raposa), Raphael (Matt Hill) e Leonardo (Mark Caso) precisam ajudar uma vila a enfrentar o malvado Lorde Norinaga (Sab Shimone).

PS: " - Sim, com bastante pepperoni e borda recheada, por favor!"

ARTROCK


O nome do podcast é "Artrock".
Bandas da nova safra do rock mundial, apresentadas pelo "herói do Brasil" Kid Vinil.
Tá no prog 35, capa estilosa ai do lado.
Tem do #1 até #35 para download, tá esperando o quê?
Bye Bye...

KISS AND TELL

Paulo Francis transformou o jornalismo brasileiro. À sua maneira, denunciou a impossibilidade de existência de vida inteligente no pensamento dominante - não importa que pensamento fosse dominante no momento. Influenciou diretamente toda uma geração. Foi combativo e irreverente, porque nunca fez parte do seu cardápio ser reverente a coisa alguma. Para os amigos, porém, Francis foi apenas um ser humano cuja dedicação e generosidade o tornavam especial. Um painel afetuoso sobre um amigo. Um exercício de escolha entre os múltiplos Francis que se espalhavam em torno das pessoas que circulavam ao seu redor.








Ficha Técnica
Título Original: Caro Francis
Gênero: Documentário
Duração: 95 min
Lançamento (Brasil): 2009
Direção: Nelson Hoineff
Roteiro: Nelson Hoineff
Coordenação de produção: Natália da Luz
Produção executiva: Daniel Maia
Fotografia: Guilherme Susseking
Edição: Thaissa Castelo Branco

TODA VEZ QUE OUÇO A PALAVRA CULTURA, SACO MEU TALÃO DE CHEQUES.


Um guia para ter cultura

Uma bibliografia básica para quem quer compreender a aventura da humanidade

Paulo Francis

O Estado de São Paulo, 30/05/91


Pedem minha ficha acadêmica para jovens vestibulandos...Não tenho. Tentei um mestrado na Universidade Columbia em Nova York 1954, mas desisti, aconselhado pelo professor-catedrático Eric Bentley. Achou que eu perdia o meu tempo. Li toda a literatura relevante, de Ésquilo a Beckett, e sabia praticamente de cor a Poética de Aristóteles. Em alguns meses se lê tudo que há de importante em teatro. Li e reli anos a fio.

Mas, sem o doutorado ou nem sequer mestrado, me proponho fazer algumas indicações aos jovens, que, no meu tempo, seriam supérfluas, mas que, hoje, talvez tenham o sabor de novidade. Falo de se obter cultura geral. É fácil.

Educação era a transmissão de um acúmulo de conhecimentos. Hoje, é uma adulação da juventude, que supostamente deve fazer o que bem entende, estar na sua, como dizem, e o resultado é que os reitores de universidades sugerem que não haja mais nota mínima de admissão, que se deixe entrar quem tiver nota menos baixa. Deve haver exceções, caso contrário o mundo civilizado acabaria, mas a crise é real, denunciada por gente como o príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, e por intelectuais como Alan Bloom, que consideram a universidade perdida nos EUA. No Brasil, houve a Reforma Passarinho nos anos 60. A ditadura militar tinha o mesmo vício da esquerda. Queria ser popular. Era populista. Quis facilitar o acesso universitário ao povo, como resa o catecismo populista. Ameaça generalizar o analfabetismo.

Não há alternativa à leitura. Me proponho apontar alguns livros essenciais ao jovem, um programa mínimo mesmo, mas que, se cumprido, aumentará dramaticamente a compreensão do estudante do mundo em que está vivendo.

Começando pelo Brasil, é indispensável a leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha. É curto e não é modelo de estilo. Euclides escreve como Jânio Quadros fala. É cara do far-te-ei, a forma oblíqua de que Jânio se gaba. Mas o livro é de gênio. Nos dá a realidade do sertão, que é, para efeitos práticos, o Brasil quase todo, tirando o Sul; a realidade do sertanejo, e do nosso atraso como civilização, como cultura, como organização do Estado. Euclides mostra o choque central entre o Brasil que descende da Europa e o Brasil tropicalista, nativo, selvagem. Euclides apresenta argumentos hoje superados sobre a superioridade da Europa, mas nem por isso deixa de estar certo. Tudo bem ter simpatia pelo índio e o sertanejo, o matuto, mas nosso destino é ser, à brasileira, à nossa moda, um país moderno nos moldes da civilização européia. Euclides começou o livro para destruir Antônio Conselheiro e a Revolta de Canudos, mas se deixou emocionar pela coragem e persistência dos revoltosos e terminou escrevendo um grande épico, em prosa, que o poeta americano Robert Lowell, que só leu a tradução, considera superior a Guerra e Paz, de Tolstoi.Mas o importante para o jovem é essa escolha entre o primitivo irredentista dos Canudos e a civilização moderna, porque é o que terá de enfrentar no cotidiano brasileiro. É o nosso drama irresolvido.

Leia algum dos grandes romances de Machado de Assis. O mais brilhante é Memórias Póstumas de Brás Cubas. Para estilo, é o que se deve emular. O coloquialismo melodioso e fluente de Machado. É um grande divertimento esse livro. Eu recomendaria ainda para os que tem dificuldade de manejar a lingua O Memorial de Aires. É o livro mais bem escrito em português que há.

Os gregos são um dos nossos berços. Representam a luz e a doçura, na frase de um educador inglês, Mathew Arnold (também poeta e crítico). Arnold falava contra a tradição judaico-cristã, dominante na nossa cultura, na nossa vida, a da Bíblia e do Novo Testamento, que predominaram no mundo ocidental desde o século 5 da Era Cristã, quando o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo. Estudos gregos sérios só começaram no século 19, quando se tornaram currículo universitário, porque antes os padres e pastores não deixavam.Mas leia originais. Escolhi quatro. Depois de se informar sobre Platão na enciclopédia do seu gosto, se deve ler A Apologia, que é a explicação de Sócrates a seus críticos, quando foi condenado à morte, e Simpósio, um diálogo de Platão. Platão não confiava na palavra escrita. Dizia que era morta. Preferia a forma de diálogo.Na Apologia se discute o que é mais importante na vida intelectual. A liberdade de ter opiniões contra as ortodoxias do dia. Ajudará o estudante a pensar por si próprio e ter a coragem de suas convicções.Depois, o delicioso Simpósio. É uma discussão sobre o amor, tudo que você precisa saber sobre o amor sensual, o altruístico, o que chamam de platônico, é o amor centrado na sabedoria.Platão colocou, à parte Sócrates, seu ídolo, no Diálogo, Aristófanes, o grande gozador de Sócrates. Na boca de Aristófanes põe uma de suas idéias mais originais. Que o ser humano era hermafrodita, parte homem parte mulher, e que cada pessoa, depois da separação, procura recuperar sua parte perdida, e daí a predestinação da mulher certa para um homem e do homem certo para uma mulher.

Imprescindível também ler As Vidas, de Plutarco, o grande biógrafo da Antiguidade. Ficamos sabendo como eram os grandes nomes em carne e osso, de Alexandre, paranóico, a Júlio Cesar, contido, a Antônio e Cleópatra. Shakespeare baseou grande parte de suas peças em Plutarco e leu em tradução inglesa, porque Shakespeare, como nós, não sabia latim ou grego. E, finalmente, como história, leia A Guerra do Peloponeso, de Tucídides. É sobre a guerra entre Atenas, Esparta, Corinto e outras, durante 27 anos, no século 5 antes de Cristo. Lendo sobre Péricles, o líder ateniense, Cléon, o führer espartano, e Alcebíades, o belo, jovem e traiçoeiro Alcebiades, nunca mais nos surpreenderemos com qualquer ato de político em nossos dias. É o maior livro de história já escrito. Sempre atual.

Da Roma original basta ler Os Doze Césares, de Suetônio, e Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon. Mais um banho de natureza humana.

Meu conhecimento científico é quase nenhum. Mas lí, claro, a Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper, quando entendi o que esses cabras querem. Para quem quer um começo apenas, recomendo o prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon, que quer dizer, o título, novo instrumento, e Bacon explica o método científico e o que objetiva a ciência. E para complementá-lo leia o prefácio dos Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton, e o prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Principios da Matemática. Também vale a pena ler a História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell, e o capítulo sobre Positivismo Lógico, que é a filosofia calcada no conhecimento científico. Em resumo, tudo que pode ser provado lógica e matematicamente, é filosofia.O resto não é. Acho isso perfeitamente aceitável. Dispenso o resto.

É nas artes que está a sabedoria. Como viver bem sem ler Hamlet, de Shakespeare? Está tudo lá em linguagem incomparável, é de uma clareza exemplar, tudo que nós já sentimos, viremos a sentir, ou possamos sentir.Preferi citar junto com Shakespeare uma peça grega, que considero vital: Antígona, de Sófocles. Há uma tradução de Antígona, em verso, por Guilherme de Almeida, que Cacilda Becker representou no Teatro Brasileiro de Comédia.Antígona é o que há de melhor na mulher. É a jovem princesa cujos irmãos morreram em rebelião contra o tio, o rei Creon, e ela quer enterrá-los, porque na religião grega espíritos não descansam enquanto os corpos não são enterrados. Creon não quer que sejam enterrados, como advertência pública a subversivos. Antígona desafia Creon. Ele manda matá-la. Ela morre. Seu noivo se suicida. É o filho de Creon, que enlouquece. Parece um dramalhão, mas não é. É a alma feminina devassada em toda sua possibilidade fraterna. Hegel achava que Antígona era o choque de dois direitos, o direito individual e o direito do Estado. E assim definiu a tragédia.

A melhor história de Roma é a de Theodore Mommsem. A melhor história da Renascença é a de Jacob Buckhardt. Tudo que você precisa saber.E aprenda com um dos mais famosos autodidatas, Bernard Shaw (o outro é Trotski). Leia todos os prefácios das peças dele. São uma história universal. Um estalo de Vieira na nossa cabeça. Em um dia você lê todos. Anotando, uma semana. Também vale a pena ler a Pequena História do Mundo, de H.G.Wells, superada em muitos sentidos, mas insuperável como literatura.

Passo tranquilo pelo Iluminismo. Foi tão incorporado a nossa vida, que não é necessário ler Voltaire ou Diderot. Os livros de Peter Gay sobre o Iluminismo são excelentes. Dizem tudo que se precisa saber. Se se quer saber mesmo o que foi o cristianismo, a obra insuperada e As Confissões de Santo Agostinho, uma das grandes autobiografias, à parte a questão religiosa.

Não é preciso ler A Origem das Espécies, de Darwin, mas é um prazer ler Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, as aventuras de Darwin como botânico e zoólogo, a bordo do navio inglês Beagle, nos anos 1830, pela América do Sul, com páginas inesquecíveis sobre Argentina, Brasil e Galápagos, que está até hoje como Darwin encontrou (e o Brasil e Argentina, na sua alma?)

Houve três grandes revoluções no mundo, a americana, a francesa e a russa. A literatura não poderia ser mais copiosa. Mas basta ler, por exemplo, Cidadãos, de Simon Schama, para se ter um relato esplêndido da revolução interrompida, 1789-1794, na França, e concluir com o livro de Edmund Wilson, Rumo à Estação Finlândia. Schama é conservador, Wilson não era, quando escreveu, fazia fé, ainda na década de 30, como tanta gente, na Revolução Russa. Mas a esta altura, e mesmo antes de ele morrer, em 1972, é fácil notar que a Revolução Russa não teve o Terror interrompido, como a Francesa, mas continuou até Gorbachev revelar o seu imenso fracasso.O melhor livro sobre a Revolução Francesa é História da Revolução em França, de Edmund Burke, de 1790, que previu o Terror de Robespierre e Saint-Just. Se o estudante quer um livro a favor da Revolução Francesa, leia, o título é o de sempre, o de Gaetano Salvemini. A favor da russa a de Sukhanov, que a Oxford University Press resumiu num volume, ou A Revolução Russa, de Trotski, um clássico revolucionário. Mas os fatos falam mais alto que o brilho literário de Trotski.Sobre a Revolução Americana não conheço livro bom algum traduzido, mas por tamanho e qualidade, um volume só, sugiro a da editora Longman, A History of the United States of America, do jovem historiador inglês Hugh Brogan, 749 págs, apenas, quando comprei custava US$ 25. Tem tudo que é importante.

Em economia, a Abril publicou 50 volumes dos principais economistas. Eu não perderia tempo. Têm tanta relação com a nossa vida como tiveram Zélia e a criançada assessora. Mas há o Dicionário de Economia, também da Abril. Quando tascarem o jargão, você consulta para saber, ao menos, o que significa a embromação. Economia se resume na frase do português: quem não tem competência não se estabelece.

Dos romances do século 19, Guerra e Paz, de Tolstoi, e Crime e Castigo, de Dostoiewski, me parecem absolutamente indispensáveis. Guerra e Paz porque é o retrato completo de uma sociedade como uma grande familia, porque rimos e choramos sem parar, porque contém um mundo e as inquietações do protagonista, Pierre Bezhukov, que até hoje não foram respondidas. Crime e Castigo, porque exemplifica toda a filosofia de Nietzsche de uma maneira acessível e profundamente dramática, de como o cérebro humano é capaz de racionalizar qualquer crime, que tudo é relativo, em suma, a pessoa que pensa e age, como Raskolnikoff, o protagonista. Vale tudo. Dostoiewski, para nos impedir de aniquilar uns aos outros, acrescenta que não se pode viver sem piedade.

Dos modernos, Proust é maravilhoso, mas penoso, Joyce é desnecessário, mas vale a pena ler as obras-primas de Thomas Mann, A Montanha Mágica, para saber o que foi discutido filosoficamente neste século, e Dr Fausto, que leva o relativismo niilista que domina a cultura moderna e de que precisamos nos livrar, se vamos sobreviver culturalmente, como civilização, e não como meros consumidores, num nível abjeto de satisfação animal.

Há muitas obras que me encantaram e não estou, de forma alguma, excluindo autores ou quaisquer livros. A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória.

Por Paulo Francis, para o jornal - OESP - 30/05/91


WALLLLLL!


"Não existe nada que eu queira da vida. Atingi um nível de entendimento das coisas que considero satisfatório. Quer dizer, sei que sou ignorante, mas que tenho a base para deixar de ser naquilo que me interessar. O problema é que menos e menos me interesso por tudo. Considero programa ficar num sofá, sem fazer nada, nem lendo. A cabeça corre sozinha, forma conceitos, imagens, contradições, impressões etc. Nada fica ou me estimula ao esforço de completar o sugerido ou iniciado. Será a menopausa intelectual dos 40 anos, ou uma forma (ainda) branda de esquizofrenia?"

OMELETE?! CLARO QUERIDA!!!


Há tempos que mantenho a regra, dormir e acordar embalado pela rádio CULTURA FM. Hoje, nas preliminares do banho matinal, escuto a chamada para o ALMANAQUE DO CINEMA OMELETE. Praticamente paro a realização da OBRA, para prestar a devida atenção ao que fala o nobre radialista, e certificar o que parecia ter ouvindo. Sim, era verdade.
SENSACIONAL!!! Os caras tão surfando faz tempo, muita informação e divertimento no site deles. PARABÉNS velhinhos!!!
Érico Borgo, Marcelo Forlani e Marcelo Hessel - NOTA 10!!!
PS: odeio ALMANAQUES, mas valorizo o PRAZER deles de fazer acontecer.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

MORE, MORE, MORE...


Alan Moore fala Dodgem Logic
Alan Moore lança sua revista bi-mensal Dodgem Logic em novembro, apresentando artigos e obras de arte por si próprio e vários outros colaboradores, incluindo a revista Mostarda. Falámos com ele em sua casa em Northampton.
Oi Alan, você está pronto?
Sim, eu estou sentado, eu tenho minha xícara de chá - bem, meia xícara de chá - e eu estou pronto.
Ok, o que o título Dodgem Logic significa?
A primeira vez que usei o nome Dodgem Logic em um fanzine que eu tentei fazer foi em 1975, quando eu estava com meus 20 anos adiantado. Para ser honesto, realmente não significa nada em especial, é apenas sugestivo de que estamos indo para. Sobre a primeira questão que temos utilizado o slogan "idéias colidem para ver o que acontece", que é tanto quanto de uma agenda que você vai receber de nós. É a idéia de que, se nós só ligar todas essas pessoas diferentes e diversas empresas que nós estamos em contato, então não pode ser algo muito lindo e extraordinário sair da interação. Queremos oferecer algo que está indo para iluminar um pouco os tempos sombrios que estamos actualmente a atravessar - e que tendem a suspeitar que vai ter muito pior -, bem como dar às pessoas algumas informações práticas. Se isso é sob a rubrica de páginas de nossa receita, DIY páginas de vestuário, artigos de cócoras ou os artigos mais político. Para manter as pessoas informadas, de forma a mídia convencional não faz mais.
Um tipo de imprensa alternativa?
Bem, nós tentamos ressuscitar o espírito da década de 60 trabalhos subterrâneos, mas sem a aparência ou o ambiente ou a alguns dos descuidos. Havia um monte de idéias muito boa que surgiu na cena underground 60. Foi o primeiro lugar que eu ouvi sobre a liberação das mulheres - como costumamos chamá-lo em seguida - a liberação ou gay. Eles eram fanaticamente anti-guerra. Muitas de suas declarações políticas mais radicais, como o fato de que, por vezes, a polícia matar pessoas, ou que, por vezes, fazer negócios com ditadores e governos criminosos que manter silêncio sobre - essas coisas são coisas muito bonito o padrão de conversa estes dias e não reservados meramente barbudo de olhos selvagens burbling radicais (risos).
Certamente a resposta que nós tivemos para os bits de notícias sobre Dodgem Logic que vazou foi muito, muito positivo. As pessoas parecem ter sido um longo tempo de espera para Dodgem Logic, ou pelo menos o que eles esperam Dodgem A lógica é que vai ser. Nós ou gerenciar a ofender ninguém ou todo mundo - que está tudo bem, contanto que ele é muito abrangente.
Portanto, há um impulso abertamente político para a revista?
Até certo ponto. Na segunda questão que eu estou fazendo uma peça sobre a anarquia: os aspectos práticos do mesmo, e como ela poderia ser feita para o trabalho sem justa fucking tudo para sempre (risos). Estive lendo algumas coisas sobre o sorteio, que é basicamente um pouco como o antigo governo ateniense por sorteio. Que me parece uma maneira que você poderia ainda ter um governo que não entraria em contradição com a doutrina anarquista central de não líderes. Sim, você precisa de reforma constitucional em massa, mas por outro lado, quando as circunstâncias são tão desesperada como eles são, no momento, quando os nossos políticos estão a comprar casacos de pele para os seus cisnes em despesas, então o que é impensável, politicamente, nos dias de hoje idade? Estas são ideias que vou estar empurrando e eu suponho que há uma agenda política, mas é principalmente uma questão humanitária.
Por que optar por fazer uma revista impressa em vez da opção mais barata e mais fácil de uma webzine?
Eu gosto de artefatos. Eu gosto de coisas que eu posso segurar na minha mão e com a desordem de minha casa. Webzines são todos um pouco etéreo. Se as pessoas querem uma revista de internet, há abundância lá fora. Se, por outro lado, ainda existem algumas luditas antiquada por aí que gostam do cheiro de papel novo, então espero que recorrer a eles. Sabe, essa é uma das coisas que eu gostava de mostarda, o fato de que alguém tinha gasto tempo e fazer do amor esse objeto.
O que está em questão em Dodgem Logic?
Bem, há um monte de coisas muito engraçadas, algumas das quais você é responsável por, Alex! E Josie Long está fazendo um ensaio lindo na primeira edição, com um de seus gráficos de pizza pequena, mostrando meninos que ela tem dito que ela ama ea sinceridade em relação - é maravilhosa. Nós temos uma história maravilhosa de Steve Aylett, uma comemoração da conquista da Lua, de sua perspectiva única. É quase como um poema, discutindo o que é um mundo maravilhoso que teria sido, se apenas Armstrong tinha sido interessante.
Temos alguns dos desenhos - Kevin O'Neill lá. Ele está fazendo a coisa mais obscena, bizarro que eu já vi. Eu disse a ele: 'faça o que quiser ", que é a última coisa que você deve dizer a Kevin O'Neill! Ele enviou-me para trás esta página bonita - Cristo sabe o que diabos ele é. Parece que é algo a ver com sexo, mas não tenho idéia. Ele tinha uma nota com ele dizendo: 'Mãe de Deus, será que alguém me ajude por favor, não' (risos). Julgar por si mesmo. É uma página inteira a cores da mente de Kevin O'Neill, que não é um lugar que nenhum de nós iria visitar sua vontade, acredite em mim. Incompreensível e perturbador, mas absolutamente adorável.
E Melinda [Gebbie, esposa de Alan e 'Lost Girls' artista] fez um brilhante artigo de abertura sobre o fracasso do feminismo, para a coluna de uma mulher em rotação. Não é uma mulher rotativa (risos), nós estaremos rodando o autor da coluna de cada questão, de modo que não é apenas um colunista opinativo, que, depois de quatro ou cinco questões serão apenas reclamar sobre sua vida doméstica. Esperemos que temos uma mãe jovem adolescente que estará fazendo a segunda questão. Queremos dar aos reformados, todos os tipos de pessoas.
Não temos uma espécie de agenda primordial, queremos deixá-la aberta. Como parte Graham Linehan's no Twitter, é algo Graham queria escrever sobre, por isso mesmo que eu não sou um grande fã do Twitter, na verdade, mal sabe o que é, é bom que ele deu uma voz para falar sobre isso. Queremos dar uma plataforma colorido e vibrante para várias pessoas para falar sobre o que eles querem.
Portanto, não há um justo pouco de comédia: Steve Aylett, Josie Long, Graham Linehan ...
Me parece que conheço um monte de quadrinhos nos dias de hoje. Eu acho que é grande, precisamos desse material no mag. Quando estamos falando sobre as condições atuais desolador precisamos de pessoas como você, Josie, Graham e Stewart ... e, possivelmente, Matt Berry, que eu vou ver se consigo atrair a fazer algo em um problema futuro. E quem sabe? Este parece ser bola de neve e acho que muita gente vai querer ter um papel neste processo. O céu é o limite.
Você está escrevendo o artigo de ligação na primeira edição?
Sim, bastante musculoso em um artigo da imprensa underground, começando com a sua criação, em que, surpreendentemente, o século 13. Eu não teria pensado que voltei mais longe do que a imprensa, mas aparentemente não havia panfletos manuscritas que circulavam entre os carros na praga de 1200.
Assim é sobre a história da imprensa alternativa em execução até ao dia moderno. O artigo é de cerca de seis páginas, e nós temos tido o cuidado de ilustrar com alguns dos momentos mais desagradáveis da revistas underground, só para nos trazer problemas para que possamos dizer que estamos a partir do ponto onde parou (risos ).
E há um CD livre com a primeira edição?
Sim, um belo CD chamado Nação do Santos, depois de um conceito que foi em torno desta parte do país durante o século 17, quando eu comecei John Bunyan e os vários grupos radicais na Guerra Civil Inglês. Havia um monte de volta a guerra civil da ação aqui. Fizemos todos os carregadores para New Model Army de Cromwell. Eu não acho que o desgraçado paga-nos! Mas lá vai você, é um tempo atrás e nós podemos seguir em frente.
De qualquer forma, não havia essa noção entre eles que depois que Deus havia apagado os reis e papas - os ricos e as pessoas sem Deus de poder e os adversários do puritanismo - e ergueu a nova Jerusalém, então esta seria a forma de uma nação onde todos era um santo. Então você não teria nenhuma necessidade de líderes, sacerdotes ou reis e todos poderiam ser um 'filósofo mecânico ", o que significava que poderia ser um funileiro por dia, mas à noite você tem tanto direito de se levantar e pregar a palavra do Senhor, como ninguém. Basicamente, é uma ideia anarquista. Você pode ver como ele realmente teria assustado as autoridades, ao mesmo tempo e por Bunyan passou quase 30 anos de prisão.
Então nós temos chamado a Nação CD dos Santos. É 74 minutos, coisa que estou certo é o tempo que um CD pode ser possível, e ele tem 20 ou mais faixas por músicos de Northampton que remontam aos anos 60 muito cedo, possivelmente, late 50s, até aos dias de hoje.
Eu pensei que poderia ser um pouco mais de um podge Hodge, mas não é assim que ela saiu. Tivemos Josh e Charlie do Spankees Retro, uma banda maravilhosa moderna de Northampton, fazer tudo e dominar a eles de alguma forma ele realmente funciona. You've got urbana hip-hop faixas direita ao lado de peças de country e western. Tudo está muito bem representado lá. Eu tenho uma pista sobre ele mesmo, com a baixa Joe Brown e os Spankees Retro, e lançar o álbum, porque eu sou o chefe e pode conceder-me tanto como eu quero (risos).
Ele vai ser um pouco diferente para o CD giveaway usual, que apenas apresenta qualquer artista tem álbuns sendo lançado esse mês. É tudo música de Northampton, algumas das quais ninguém nunca ouviu falar, mas também temos uma faixa do The Jazz Butcher lá e uma linda faixa de David J da Bauhaus, que enviou mais esta demonstração de que ele tinha feito e nunca terminado porque ele gostava de ser o que era. Chamou 2000 Light Years From Gold Street e vamos fechar o CD com ele. É adorável. Uma coisa de beleza e uma alegria para sempre.
O que me lembra, watever aconteceu com aquelas canções que você fez para The Black Dossier?
Eles ainda estão flutuando. DC decidiu começar pissy na última hora e se recusou a entregar-lhes, porque uma das canções soa um pouco como a música tema Fireball XL5.
Estamos a falar, possivelmente, quando nós terminamos League: Century próximo ano, ou no ano seguinte, trazendo um álbum com a edição recolhidos, que incluiria as duas canções que deveriam estar em The Black Dossier. Isso poderia ser um pouco problemático. Nós tivemos um contratempo com os proprietários de Brecht e música de Weill [personagens em "Liga: Century 'sing novas letras para a melodia de" A Ópera dos Três Vinténs "], apesar do fato de que todas as palavras são diferentes e, sabe, você não pode realmente ouvir música de uma banda desenhada.
No entanto, verifica-se que os proprietários de Brecht e Weill música é uma empresa pouco conhecida chamada Warner Chappell, de Nova York. Então, sim, é meu editores de idade. Eles estavam nos dando um pouco de pau e provavelmente vamos ter que resolver. Afinal, eles são da Warner Bros e que tenho toneladas de dinheiro. No entanto, existe alguma possibilidade de um registro para acompanhar o livro terminado.
O que você tem planejado para futuras edições dos Dodgem Logic?
Nós temos um monte de coisas boas chegando na segunda edição. Melinda está fazendo um artigo sobre Burlesque brilhante e um fotógrafo local, Mitch Jenkinson, que vai estar fazendo a nossa capa, está fazendo um diferencial dentro de algumas das senhoras locais Burlesque. Isso deve ser um bom-olhando questão.
Então o problema depois que nós esperamos que tem a bordo Gorillaz. Eles vieram até Northampton semana passada porque estamos planejando para eu fazer o libreto da ópera em seu projeto seguinte. Sendo um oportunista, eu naturalmente perguntei-lhes se estariam dispostos a contribuir com algumas páginas para Dodgem Logic. Ao invés de apenas fazer uma entrevista com eles, eu pensei que seria interessante para entregar algumas páginas para eles cura.
E só hoje Stewart Lee estava dizendo que adoraria fazer algo para o futuro. Então, se vamos construir, eles virão, que é a nossa filosofia.
O que fez você decidir começar a revista?
Uma das coisas que deu origem ao Dodgem Logic foi quando eu estava contribuindo para uma revista chamada OVR2U, uma revista da juventude e da comunidade que estava sendo posto para fora por um conselho local e chamou a polícia organização financiada Caspar. Ela tinha ido muito bem com as crianças das escolas e bibliotecas e estávamos a falar de uma 2 ª edição. A revista visava a área Distritos de Northampton, onde eu cresci, que ainda é uma das áreas mais desfavorecidas do Reino Unido. E eu disse que era uma pena que não podia falar sobre os problemas reais das pessoas nessas áreas estavam enfrentando.
Para a edição # 3 nós esperamos que tem a bordo Gorillaz; temos planejamento para eu fazer o libreto da ópera em seu projectLucy próxima [trabalhando agora em Dodgem Logic], que estava trabalhando para OVR2U, ao mesmo tempo, concordou. Ela disse que eu deveria unir um artigo curto, apenas 400 palavras, falando sobre os problemas reais que tínhamos no mesmo espaço, onde todos os empinar as pessoas mais vulneráveis que não querem lidar com a sociedade. Então isso é desinteressante qualquer grupo de imigrantes, pessoas com problemas de saúde mental que tenha sido colocado no não-atendimento existentes na comunidade. Os jovens que acabaram de sair de cuidados e são colocados em blocos de apartamentos, como Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que tinha acabado de descobrir havia sido condenado pelos bombeiros. Mas quando as autoridades que estavam publicando a revista descobriu que estávamos fazendo este artigo disseram 'você não pode fazer isso, é fundamental do município ".
Lucy e eu estávamos conversando sobre fazer uma revista independente, e nesse ponto ela sugeriu que talvez ela iria trabalhar para CASPAR três dias por semana e trabalham dois dias por semana livre em nosso projeto. Mas ela foi dito que se ela trabalhou em uma revista que era crítico do Conselho, ela não teria um emprego para os outros três dias por semana. Então eu sugeri que eu poderia garantir seus salários por seis meses e que ela poderia trabalhar em tempo integral Dodgem Logic.
Porque nós realmente queria falar sobre algumas dessas coisas, é real e não entrar em jornais locais, sem falar dos nacionais. E Northampton é praticamente um símbolo da Anytown Reino Unido. Todos temos tapadas ruas principais, é tornar-se uma paisagem homogênea.
Felizmente, o caminho que temos Dodgem Logic permitirá estabelecer outras áreas, se quiserem, para trazer a sua própria edição regional. Temos esta página para inserção de oito locais; notícias puramente locais, incluindo as revisões da música local e um monte de artigos políticos. Portanto, todos eles têm de fazer é proporcionar aos seus próprios inserir.
Nem todas as revistas tem de ser centrada em Londres. Há outras grandes cidades. Northampton, no centro geográfico da Inglaterra. Estamos na média político e econômico também. Nós temos tanto direito de reivindicar a universalidade como em qualquer lugar (risos).
Está fazendo Dodgem Logic vai abrandar o seu trabalho sobre os quadrinhos da Liga e sua prosa romance Jerusalém?
Eu só estou escrevendo o passado, mas, uma página da Liga: Century no momento, então eu vou ter escrito as três partes e não vou ter de pensar do campeonato por mais um ano, pelo menos. Vou estar ficando para trás em Jerusalém e com o Livro da Magia, que são tanto uma pausa, mas estou certo de que eu posso fazer essas coisas com Dodgem Logic indo bem.
E eu estou começando mesmo a fazer um pouco de desenho novamente. Para a primeira questão que eu fiz uma página de história em quadrinhos, a minha primeira banda desenhada underground por cerca de 25 anos. Eu sempre quis ser um cartunista underground, sabe - Eu só tenho desviado.

QUEM É QUEM


Todas as tecnologias criam novos rebeldes. Os "luddites" ingleses, que no começo da revolução industrial do século XVIII quebraram as màquinas com medo de serem substituìdos por elas, foram os primeiros "tecno-rebeldes". Desde então muita coisa mudou. O cinema popularizou os "rebeldes sem causa" da geração "baby-boom". Hoje, novos rebeldes utilizam as tecnologias micro-eletrônicas. Se a revolução industrial viu a emergência dos luddites, a cibercultura vai ver a dos rebeldes do "fronte" cibernético: os "ciber-rebeldes". As figuras mais importantes são os "phreakers", os "hackers", os "crackers", os "cypherpunks", os "ravers" e os "zippies". São esses os novos "cowboys" da fronteira eletrônica.

Os Phreakers.
Os phreakers são conhecidos como os piratas do telefone. A palavra "phreak" é um neologismo entre "freak, phone, free". A ação dos phreakers começa nos anos 60, a partir da apropriação do sistema de telecomunicação mundial tendo como objetivo viajar gratuitamente pelas redes. Eles organizavam as famosas "party lines", festas em linha com vàrias pessoas de locais os mais diversos. Jon Engressia é considerado o pai dos phreakers. Cego de nascença, ele queira encontrar outros cegos pelas linhas mundiais de telefonia. Um outro phreaker, John Draper, descobriu por acaso numa caixa de cereais, um apito que produzia a freqüência de 2600 hz, tonalidade essa que permitia realizar chamadas internacionais gratuitas. A partir disso Draper ficou conhecido como Captain Crunch (o nome do cereal). A descoberta de Draper incita outros phreakers a produzirem equipamentos clandestinos (as "blue boxes") que reproduziam os 2600 ciclos e assim permitiam a viagem gratuita pelas redes de telefonia mundial. Hoje o "phreaking" é atualizado com a pirataria de telefones celulares, esses, pelo tipo de funcionamento, mais pròximos de um computador que de um telefone. A fronteira entre os phreakers e os hackers desaparece.

Os Hackers.
Se os telefones criaram os phreakers, os computadores vão criar os hackers. O personagem Edu da novela "Explode Coração" é um exemplo. Ele incarna bem o arquétipo do hacker: um jovem, singelo, tìmido e ingênuo que penetra sistemas de informação, sem mexer nos dados alheios. Isso nos dà a imagem do romantismo dos primeiros hackers. Os hackers formam a elite da informàtica. Num primeiro momento, eles pretendem liberar as informações e os computadores do poder militar, industrial e universitàrio e vão ser os verdadeiros responsàveis pelo nascimento da micro-informàtica, nos anos 70, na Califòrnia. A micro-informàtica foi, por si sò, uma espécie de rebelião contra o peso da primeira informàtica (grandes computadores ligados a balìstica militar). Os hackers atualizam, com as redes de computadores, a ação dos phreakers, a saber, viagens por novos territòrios simbòlicos, o ciberespaço. Para eles todas as informações devem ser livres, as redes devem ser livres e democràticas e os computadores acessìveis a todos e utilizados como uma ferramenta de sobrevivência na sociedade pòs-industrial. Os primeiros hackers visavam demonstrar a falibilidade das redes, daì vem a invasão à sistemas de computadores. A mensagem é simples: "se te dizem que tudo é seguro, que não hà possibilidades de falhas, desconfiem, pois é provavelmente um engodo". Os hackers alemães do Chaos Computer Club de Hamburgo por exemplo, penetraram o sistema da caixa econômica local, retiraram em poucas horas milhares de marcos e, no dia seguinte, foram à agência devolver e mostrar as falhas do sistema. Por isso os hackers tornaram-se conhecidos como os "Robin Wood" da cibercultura. O que importa aqui é vermos que, pela tecnologia, os hackers denunciam a pròpria racionalidade tecnològica e o poder constituìdo por grandes empresas e instituições governamentais. Entretanto nem tudo são boas intenções (mostra as falhas, democratizar a informação): surgem os crackers.

Os Crackers.
Os crackers são os verdadeiros "cyberpunks", ou punks da cibernética. Eles são a versão negra dos hackers. Aqui a atitude punk penetra no reino asséptico da tecnologia. Os crackers pirateiam programas, penetram sistemas com o intuito de quebrar tudo (dai o nome "cracker"), inserem poderosos e destrutivos vìrus de computador. A idéia é romper com a sociedade asséptica da informàtica e sabotar ao màximo os grandes sistemas de computadores. Nesse sentido os crackers são o pesadelo da modernidade tecnològica. O fenômeno é planetàrio. Em abril de 1994 um cracker brasileiro penetrou vàrios sistemas (provavelmente à partir da Unicamp) destruindo vàrios dados. Ele deixou a seguinte mensagem: "estou de volta para semear o terror na Internet. Vocês não sabem o que é segurança de um sistema". Com hackers et crackers as redes parecem vulneràveis. Pela proteção individual no ciberespaço, aparecem assim os punks da criptografia ou cypherpunks.

Os Cypherpunks.
Os cypherpunks (de cyberpunks e criptografia - "cypher") são tecno-anarquistas que lutam pela manutenção da privacidade no ciberespaço através da difusão de programas de criptografia de massa (proibidos, entretanto, em vàrios paìses). Eles buscam garantir a liberdade individual e a proteção da privacidade dentro das redes de computadores. Assim, esses ciber-rebeldes se organizam contra todas as tentativas governamentais ou empresariais de re-traçar nossas vidas a partir das pistas que deixamos quando utilizamos qualquer sistema eletrônico, como cartões de crédito, banco eletrônico ou redes de computadores. O programa PGP ("pretty good privacy") criado por P. Zimmermann, os "remailers" e outros sistemas anônimos, são as armas fundamentais dos cypherpunks. Toda a mìstica da cabala e do pensamento hermético encontra ressonância com a criptografia de dados eletrônicos. Dentro desse mesmo espìrito esotérico se organizam os tecno-pagãos: os ravers e os zippies.

Os Ravers e Zippies.
Herdeiros diretos da contracultura dos anos 70, os ravers e zippies utilizam o que os seus primos hippies deixaram de lado como o inimigo: a tecnologia. Para esses neo-hippies dos anos 90, a tecnologia é, e deve ser, um parceiro para atingir os valores da era de Aquàrio. Assim os computadores e as redes, como Internet por exemplo, são vetores de fortalecimento comunitàrio (as comunidades virtuais), de uma gnose ou pensamento màgico (a manipulação mìstica de dados), de uma estética (imagens de sìntese, realidade virtual, hologramas), da festa e do prazer corporal (a dança, o sexo, as drogas, a mùsica). Os ravers (do inglês "to rave"), simbolizam talvez a mais bela sìntese da cibercultura: através da mùsica "tecno" misturada ao hedonismo do corpo e do espìrito pela dança, o primitivo e o tecnològico interagem de forma simbiòtica. Eles se reùnem em mega-festas (as raves) com o intuito de dançar horas a fio. Assim, mùsica tribal (repetitiva, percussiva), drogas do amor (o êxtase) e todo um aparato de telefones celulares e de redes de computadores para escapar do controle policial (as raves são proibidas em vàrios paìses da Europa) nos mostra como as novas tecnologias se aproximam, pelo uso, a arquétipos ancestrais dos ritos. O movimento rave é assim ao mesmo tempo cultural, social e polìtico. O fenômeno dos zippies é tipicamente inglês (inìcio de 1987) mas vem criando aderentes em vàrias partes do mundo. Eles misturam o sentimento comunitàrio dos hippies com as novas possibilidades das tecnologias do ciberespaço. O movimento foi criado por Frase Clark com o intuito de utilizar o potencial das novas tecnologias para reforçar laços comunitàrios. Zippie significa "Zen Inspired Pagan Professionals" e são herdeiros dos "travellers" (hippies nômades) e da cena "house" que cria, por sua vez, o movimento "tecno" ou "ciber". Os tecnopagãos, como os ravers e zippies, são uma mistura de vàrios movimentos como a cena "squatt" inglesa, os fanzines, os covers designs, os hackers, o ciberespaço, a mùsica eletrônica.

Ciber-Rebeldes?
Esses rebeldes da cibercultura nos mostram como a "rua", na sua dimensão quotidiana, encontra formas de descarregar todo o seu vitalismo (para o melhor ou o pior) a partir da utilização das tecnologias micro-eletrônicas. A tecnologia que sempre foi vista como um fator de separação, de homogeneização e de racionalização se vê investida pelas forças (simbòlicas, imaginàrias, sòcio-culturais) inibidas durante dois séculos de modernidade industrial. A mensagem é simples: se um retorno a uma época pré-tecnològica é impossìvel, o melhor a fazer é tomar as tecnologias nas mãos. No entanto, se o futuro não existe mais e se as ideologias se esgotaram, não existe mais uma rebelião possìvel mas rebeliões efêmeras, estéticas e lùdicas, presas ao "aqui e agora". Assim, os ciber-rebeldes não podem buscar "A" revolução, mas revoluções pontuais. A esquiva, o descaso e a maleabilidade é aqui mais importante que um ataque frontal. Como disse muito bem um zippie inglês: "ao invés de brigar contra o sistema, nòs o estamos ignorando. E essa é a ultima revolução". Afinal se não existem mais ideologias, certezas ou esperanças, contra quem, e com que objetivo, poderia haver uma revolução?

sábado, 24 de outubro de 2009

O FUTURO É BIOPUNK

O pioneiro da cibercultura R. U. SIRIUS fala da Mondo 2000, a mais cult das revistas. E diz como vê o futuro
Por Marcelo Barbão

Você criou a primeira revista de Cibercultura, a Mondo 2000. Hoje, o que mudou na Cibercultura, se é que um dia ela realmente existiu? Já faz uma década que a Mondo acabou, e muitas coisas mudaram. A Web não existia. Nós trabalhávamos com sites baseados em texto, em grupos de discussão teóricos: último impacto da Realidade Virtual, tecnologias relacionadas com o cérebro, biomutação, robótica avançada… Era uma cultura de antecipação do futuro, mas também uma cultura real-time.

As corporações ainda estavam começando a perceber as novidades. Fiquei chocado quando comecei a encontrar muitas das opiniões típicas da grande mídia na Internet. Mas é claro que existe uma cultura Net, uma cultura geek, uma cibercultura, technocultura, ou como você quiser chamá-la. Ela foi e é um fenômeno real. Mas a cultura de hoje é obcecada principalmente por questões real-time como open source. Porém, há uma outra cultura emergente, feita de pessoas que vêem a mutação evolucionária que surgirá em uma década ou duas, organizando-se ao redor do NBIC – nanotecnologia, biotecnologia, informação e ciência cognitiva.

Geek – Com as transformações da Internet, você acha que a idéia original de comunidade e rede entre pessoas ainda vive?
R.U.Sirius – Sim! Ela está viva e sempre em mutação. Agora, existem essas redes sociais que são frustrantes e desinteressantes, já que não há muito espaço para conversas. É mais relacionado a colecionar uma rede de amigos, mas elas podem ter um aspecto utilitário: abrem espaço para conectar pessoas para fazerem negócios, política, encontros, festas. Vivemos tempos pragmáticos, de muito desemprego e deterioração social.

Geek – Sempre existiu uma rivalidade entre a Mondo 2000 e a Wired. Agora, várias das revistas de Cibercultura, como a Shift, acabaram. E a própria Wired mudou completamente seu conteúdo. Você acha que ainda existe espaço para uma revista de cibercultura fora da Internet?
R.U.Sirius – Eu acho que a cultura da Internet está muito bem coberta dentro da própria rede, e não há mais nenhuma novidade. Creio que a próxima grande revista de technocultura irá refletir a cultura NBIC. Ela será “biopunk”.

Geek – Recentemente, tivemos a onda de blogs, fotologs e, agora, videologs. Você acredita que essa nova geração seja egoísta?
R.U.Sirius – Não sei se essa ou qualquer geração é realmente mais egoísta do que a anterior. É difícil fazer esse tipo de declaração ampla. Eu acho que o fato de as pessoas terem tanto poder de selecionar o que realmente as interessa pode produzir um tipo de narcisismo cerebral. Mas essa descentralização também tem vários aspectos positivos,reduzindo o poder da grande mídia sobre as mentes de um número cada vez maior de indivíduos.

Geek – Muitos geeks vêem a Internet como um campo de batalha entre as grandes corporações, que buscam seus lucros, e os indivíduos, que querem se comunicar entre si…
R.U.Sirius – Essas são dinâmicas enormemente complexas e é preciso acrescentar aí uma terceira força, que são os governos, mas no geral, eu acho que a ameaça de domínio corporativo total foi diminuída com o colapso da bolha no mercado de ações. A Internet, como um ambiente para ganhar dinheiro, foi substituída. Para mim, a questão principal é: será que as corporações, combinadas com o poder estatal, QUEREM eliminar os espaços sociais livres, a comunicação independente, etc.? Outro ponto é que, com os excessos nas restrições de direitos autorais, talvez os provedores não queiram mais hospedar fontes de comunicações não-convencionais. Há, com certeza, vários casos nas cortes dos EUA que poderiam ameaçar vários editores independentes e baseados na Net.

Geek – Você vive em São Francisco. Qual é a conexão entre os hippies dos anos 60 e a Cibercultura dos 90 que se desenvolveu na mesma cidade?
R.U.Sirius – Na verdade, foram as mesmas pessoas. E não só em São Francisco, mas em todo o Silicon Valley. Eu dirigia uma revista neopsicodélica no final dos anos 80 chamada High Frontiers. Nossos maiores fãs e apoiadores eram as pessoas que estavam fazendo os softwares e hardwares que iriam definir a próxima economia. A história da contracultura “vazando” para a cultura digital remonta ao começo dos anos 70. O grupo hippie radical prankster defendia a prática do phreaking, hackeando os telefones para fazer chamadas gratuitas. Podemos nos lembrar também de um grupo de freaks de Berkeley, na Califórnia, que começou algo chamado “Community Memory”. Era uma comunidade de loucos por computadores que incluía Steve Jobs e Steve Wozniak, criadores do primeiro computador pessoal, o Apple.

Geek – A questão do GNU/Linux e da ideologia Free Software se desenvolveu durante os dias da Mondo 2000, e ganhou muita força durante a última década.O que representa para você esse movimento?
R.U.Sirius – Free software, open source, assim como as tecnologias P2P e a ética hacker são, no melhor dos possíveis mundos, modelos da próxima economia: a “economia da doação”. A próxima onda da tecnologia, não só de informação, mas também de biotecnologia e nanotecnologia, está relacionada com infi nita replicabilidade. A produção física vai começar a mimetizar os aspectos replicáveis de tecnologia de informação: se alguma pessoa tem algo, qualquer um pode acessar e também pode ter. Talvez o mais importante é que a atitude open source/hacker está se espalhando.

Geek – O movimento Cyberpunk desenha um futuro tenebroso e complicado para a humanidade. Como você acha que será o amanhã do nosso planeta?
R.U.Sirius – Esta é uma pergunta difícil para qualquer um. Parece que vários desastres podem acontecer de forma inadvertida: falta de água, desastres com o clima, epidemias,guerras, mas o futuro sempre nos surpreende. Em outra década, todo mundo pode estar gritando sobre uma nova utopia estilo “longo boom”, novamente. Eu suspeito que a evolução das tecnologias que mudam o mundo, como a nanotecnologia e a neurotecnologia irão, de alguma forma, continuar evoluindo, não importa quão difíceis sejam os tempos.

Geek – Por que R.U. Sirius?
R.U.Sirius – Simples: de outra forma, meu verbete no dicionário ficaria maligno…

ENTREVISTA DE TERENCE MCKENNA


Entrevista de TERENCE MCKENNA, concedida a Will Noffke, que foi publicada no n° 1 da revista High Frontiers ("uma revista de ciência psicodélica, potencial humano, irreverência e arte moderna"), em 1984. Esta revista se fundiu com a Reality Hackers e fundou a revista Mondo 2000 tendo William Gibson e Timothy Leary como seus gurus.
Trata-se de uma revista com a seguinte proposta: “Mondo 2000 está aqui para cobrir a vanguarda em hipercultura. Nós traremos para você as novidades nas formas de mutação interativas entre o humano e o tecnológico. Estamos falando Cyber-Chautauqua: trazendo a cibercultura para as pessoas! Módulos de conhecimento artificiais. Música visual. Tecnologias. A Matrix do ciberespaço de William Gibson – plenamente concretizada! As antigas elites de informação estão morrendo. As crianças estão no controle.Esta revista é sobre o que fazer até que o novo milênio venha. Estamos falando sobre possibilidades totais. Avanços radicais nos limites da biologia, gravidade e tempo. O fim da escassez artificial. O surgimento de um novo humanismo. Tecnologia para o poder individual, diversão e jogos. Tornando a felicidade máxima nosso estado de consciência normal.”.
WILL NOFFKE: Fale-nos da experiência que moldou a sua vida e a sua obra - a viagem à Amazônia.
TERENCE MCKENNA: Na verdade, participei de várias viagens à Amazônia, a primeira em 1971, a mais recente em 1981. Em 1981, uma expedição etnobotânica conjunta, composta de membros das universidades de Harvard e Colúmbia Britânica, viajou até Iquitos, no extremo leste do Peru. O meu irmão, que trabalha como etnoquímico na Universidade da Colúmbia Britânica, também fazia parte dessa expedição. Estávamos estudando o ayahuasca, bebida alucinógena empregada em uma área muito extensa das selvas litorâneas do Equador, da Colômbia e do Peru, e também um alucinógeno pouco conhecido, chamado oo-koo-hey ou kuri-coo, que é usado pelos índios uitotos, boros e muinanes, tanto um quanto outro tendo por base o DMT ou o DMT combinado com algum outro produto químico que propicia a experiência alucinógena. Trata-se provavelmente dos alucinógenos menos pesquisados de todos, embora o ayahuasca constitua importante religião popular em uma área bastante extensa. É utilizado em curas xamanistas e é bem conhecido pelas classes pobres das planícies litorâneas do Peru e da população de mestiços. Quanto ao kuri-coo, é substância bem menos conhecida. Estávamos estudando-o porque as teorias farmacológicas ortodoxas dizem que ele não deve ser oralmente ativo, mas é. Portanto, havia um problema científico a resolver.
WILL NOFFKE: Algo como descobrir uma nova realidade para a ciência?
TERENCE MCKENNA: Bom, é preciso que haja um problema científico para justificar essas expedições. No fim, o que se estuda é a fenomenologia da droga, a droga tal como ela é experimentada - o que é bem diferente das questões farmacológicas que hoje estão sendo examinadas em laboratório. Mas a experiência de tomar essas drogas na Amazônia, subindo pequenos tributários do rio principal, entre pessoas pré-letradas, que definitivamente não pertenciam à classe média, e no ambiente da selva equatorial do continente, foi muito interessante, muito instrutiva.
WILL NOFFKE: Como você reagiu a ela? Suponho que, pouco antes de fazer essa viagem, já havia experimentado outros alucinógenos e, de fato, estava querendo conhecer o efeito, a reação psicofísica em seu próprio organismo. No entanto, parece que encontrou algo inteiramente inesperado.
TERENCE MCKENNA: Exato. Desde meados da década de 60, estávamos interessados na dimetiltriptamina, ou DMT, tanto em virtude da experiên*cia que ela proporciona como da rapidez de sua ação. Quando se fuma essa droga, o efeito se faz sentir em cerca de quinze a trinta segundos. O conteúdo da experiência parecia ir além da noção ortodoxa do que deve ser a experiência psicodélica. Em outras palavras, a experiência psicodélica tem sido discutida em termos da expansão da consciência, ou da exploração do conteúdo do inconsciente pessoal ou coletivo, ou ainda de grande empatia com obras de arte etc. O que verificamos no uso das triptaminas é que parece haver uma dimensão imprevista, envolvendo contato com uma inteligência alienígena. Uso essa expressão por não dispor de outra melhor. Enteléquias organizadas apresentavam-se na experiência psicodélica com informações que pareciam não provir da história pessoal do indivíduo e nem mesmo da experiência humana coletiva. Mais tarde, viemos a perceber que esse efeito era peculiar aos alucinógenos à base de triptamina. Em outras palavras, não só ao DMT, ao ayahuasca e às substâncias mais exóticas da Amazônia, mas também à psilocibina, que é provavelmente a mais empregada dessas drogas. Para mim, era espantoso que uma voz pudesse se dirigir a uma pessoa naquele estado e transmitir informações durante um diálogo. Gordon Wasson, que descobriu o cogumelo portador de psilocibina e o apresentou à ciência ocidental, também escreveu sobre esse fenômeno. O mesmo fez Platão, ao discutir a importância do Logos para a religião helênica.Essa experiência de uma voz interior que nos guia, dotada de um nível superior de conhecimento, não é estranha à história do Ocidente, mas a aventura intelectual dos últimos mil anos fez com que tal idéia parecesse absurda, senão psicopatológica. Assim, na qualidade de farmacólogos modernos dedicados ao estudo dos alucinógenos, o meu irmão e eu nos deparamos com esse fenômeno. Nos anos seguintes, tratamos de estudá-lo e dirigir para ele a atenção de outras pessoas; diria que hoje há um consenso de que a experiência é real. Não existe, porém, um consenso a respeito do que ela é exatamente. Estaremos lidando com um aspecto - uma entidade psíquica autônoma, como diriam os adeptos de Jung -, um assunto que escapa ao controle do ego? Ou com algo semelhante a uma Supermente da espécie - um tipo de enteléquia coletiva? Ou, de fato, estaremos lidando com uma inteligência alienígena e com tudo o que isso implica? São perguntas difíceis de responder. Até mesmo abordar o assunto é difícil, pois o fenômeno só se manifesta quando se tomam doses heróicas.
WILL NOFFKE: Existem paralelos bastante óbvios. Um dos que me ocorrem é Santa Joana D'Arc ouvindo vozes e recebendo orientação. Acontece que ela era uma moça do campo, e talvez tivesse uma horta onde cultivasse cogumelos. A História está cheia de vozes que são ouvidas no contexto da experiência religiosa, vozes que são sempre atribuídas a um "deus", qualquer que seja a imagem que este conceito evoque na pessoa que as escuta. Essa experiência não resulta - pelo menos não necessariamente - da ingestão de drogas. Pode ocorrer através de alguma outra alteração da consciência humana.
TERENCE MCKENNA: Certo. Sempre ocorre através de uma alteração da química interna do corpo e do cérebro. Mas essa alteração pode ser induzida por plantas ou por situações de estresse; ou uma pessoa ou linha hereditária pode simplesmente ser predisposta a esse tipo de coisa. Você tem toda a razão: a religião, como concebida em termos pré-modernos, é essencialmente a resposta humana ao problema do estímulo interno, embora muita gente afirme que se trata de um fenômeno que molda a cultura, ou mesmo dirige a cultura.Infelizmente, nos últimos quinhentos anos a religião passou a ser uma pirâmide hierárquica em cujo topo os dogmas são interpretados por teólogos. As interpretações são transmitidas aos fiéis através de uma hierarquia. Acho que a noção de revelação direta perturba muito as hierarquias religiosas. Não obstante, a revelação direta é certamente bastante comum nas culturas pré-letradas de todo o mundo. Em tais casos, verificamos que os xamãs eram os únicos com os quais podíamos falar sobre o assunto ou que pareciam familiarizados com o fenômeno. E o que eles nos dizem é: "Claro. Naturalmente. É assim que se obtêm informações: de espíritos que habitam aquela dimensão, espíritos que nos ajudam e espíritos que nos atrapalham." A idéia de inteligências alienígenas autônomas na dimensão mental é, para eles, lugar-comum. E creio que provavelmente é mesmo. Acho que a cultura ocidental fez um longo desvio idiossincrático para afas*tar-se do espírito, e só agora estamos começando a perceber que talvez nos falte alguma coisa. Na verdade, não representamos o máximo de conhecimento da natureza da realidade. Possuímos mapas muito interessantes, digamos, do interior do átomo ou de regiões longínquas do universo; mas, nas áreas que nos são mais próximas - nossa própria mente, a maneira como vemos a nós mesmos e aos nossos semelhantes -, acredito que essas culturas primitivas, por serem fenomenológicas, isentas do estorvo da téc*nica e de teorias abstratas de tudo o que acontece, aproximam-se mais da realidade. Em outras palavras, os xamãs são psiquiatras populares, psicanalistas populares, muito mais avançados que nós.Os antropólogos já observaram a ausência de distúrbios mentais graves em muitas culturas pré-letradas. Acredito que a mediação do xamã e, através dele, o contato com o Logos centralizante, fonte de informação ou gnose, é provavelmente a causa dessa capacidade de curar ou minimizar distúrbios psicológicos.
WILL NOFFKE: Você mencionou algo em relação à religião organizada. Acho que o cristianismo ocidental foi muito bem-sucedido, na tarefa de garantir o seu território, infundindo medo, dúvida e desconfiança em relação a tudo o que provém de fontes internas. Estabeleceu um critério que diz: "Se não está nas escrituras, deve ser ignorado ou podemos suspeitar de que provém de alguma força malsã". Há aí uma clara negativa da validade da experiência pessoal. Acho que, para muitas pessoas, a experiência psicodélica é altamente suspeita, perigosa e incontrolável. Como você acha que as pessoas a encaram?
TERENCE MCKENNA: É incontrolável na medida em que não é compreendida. Essas culturas pré-letradas possuem uma tradição ininterrupta de conhecimentos e etnomedicina xamanistas, tão ou mais antigos que os tempos paleolíticos. Quanto a nós, não dispomos de nada parecido. Assim, em nossa cultura, a quem recorrem as pessoas que têm problemas com essas plantas? No Peru, vimos pessoas que eram inteiramente despreparadas em relação ao ayahuasca. Pessoas vindas de Lima para fazer a experiência chegaram ao ponto em que estavam definitivamente tendo uma bad trip. Mas o xamã pode vir a elas, soprar-Ihes fumaça de tabaco e cantar - coisas que podem nos parecer simbólicas mas que, ainda assim, funcionam com a mesma eficácia de uma injeção de Demerol. Portanto, o simbolismo de uma pessoa é a tecnologia de outra. Devemos ter isso em mente ao lidarmos com essas culturas. A aparência que as coisas têm para nós não é a mesma que têm para os que estão intimamente envolvidos com elas. A não ser que você se desfaça de sua linguagem e mergulhe inteiramente nessas culturas, o seu ponto de vista será sempre o ponto de vista de um estranho, de um forasteiro.
WILL NOFFKE: Mesmo naquele setor da sociedade que poderia ser classificado de Nova Era, por falta de um termo melhor, onde há um afastamento em relação à educação dogmática e um movimento no sentido da experimentação direta, a experiência psicodélica é vista com suspeita. Coisas como a kundalini, a hipnose, os mantras, as atividades psíquicas - manipulações psicofísicas da consciência - são consideradas seguras e aceitáveis como áreas de investigação. Mas há esse incrível preconceito contra o uso de meios químicos, até mesmo dos meios orgânicos a que você se refere.
TERENCE MCKENNA: Parece haver um preconceito muito forte contra tudo o que é gratuito. As pessoas repelem a idéia de que seja possível adquirir clarividência espiritual sem sofrimento, sem auto-análise, sem flagelação, pois acreditam que a visão dessas dimensões superiores deveria ser concedida somente aos bons, e provavelmente somente a eles depois que morrem. Acham alarmante pensar que se possa ingerir uma substância como a psilocibina ou DMT e ter esse tipo de experiência. No entanto, trata-se de uma realidade que agora começamos a aceitar. Não creio que essas coisas sejam um substituto da prática espiritual. Por outro lado, não acho que a prática espiritual possa jamais substituir essas experiências. Percorri a índia, a Indonésia e muitos outros lugares, e encontrei as tradições que você menciona, inclusive o tantra da kundalini, a dança em transe de Bali, controlada por sacerdotes e fundamentada em tradições cuja mentalidade você precisa aceitar para ter a experiência. São coisas extremamente impalpáveis. Já a experiência provocada pelas drogas é muito real. E irresistível. Certamente, nada há de impalpável nas triptaminas. A triptamina é o grande fator convincente. É preciso incorporar essas coisas à nossa cultura, e sem sentimento de culpa, com a certeza de que apontam o caminho que leva a algum lugar. Creio que foi Aldous Huxley que as chamou de "graças gratuitas", explicando que elas não são necessárias nem suficientes para a salvação, mas ainda assim constituem um milagre.
WILL NOFFKE: Você atribui grande importância aos fatores de estado de espírito e ambiente como parte da experiência, ao dizer que as drogas não devem ser usadas levianamente nem como recreação, e sim encaradas com respeito. E que é preferível ter alguém por perto para servir de guia. Pretendo ter uma entrevista também com Timothy Leary. Não sei bem qual a atitude dele, se procura diversão e prazer a qualquer preço ou se é mesmo sério.
TERENCE MCKENNA: Acho que ele é um homem que provavelmente teve ampla oportunidade de mudar de opinião. A euforia dos anos 60, a suposição dos intelectuais que rodeavam Huxley e Humphrey Osmond - de que bastava apresentar essas coisas às pessoas para que a humanidade se transformasse - era terrivelmente ingênua. No entanto, as pessoas jamais tinham se deparado com uma encruzilhada cultural como essa. Ouço dizer que talvez venha a ocorrer um retomo da experiência psicodélica como fenômeno social. Se ocorrer, espero que os que viveram os anos 60 tenham processado essa experiência e aprendido suas lições. Não acho que essas coisas devam ser feitas em grupos muito grandes.A maneira mais útil de se abordar a experiência psicodélica é em um ambiente de virtual - embora não formal - privação dos sentidos. Você deve deitar-se em completa escuridão e silêncio, e fixar o olhar na superfície interna de suas pálpebras. É espantoso como esse conselho parece exótico a certas pessoas. Trata-se apenas de bom senso.Você está procurando observar um fenômeno mental. Para ver o fenômeno mental sem a contaminaçãode fontes externas de informação, você deve colocar-se em uma situação na qual ele possa manifestar-se em sua totalidade. Se ingerir as doses eficazes dessas substâncias, posso garantir que a experiência não será monótona. Talvez um número muito grande de pessoas já tenha feito meditação e imagine que a experiência psicodélica seja como a meditação. Mas é a antítese exata da meditação. Trata-se, de fato, de sair do corpo e viajar no espaço mental - que é uma área pelo menos tão grande quanto o espaço. sideral. A diferença entre os dois pode ser apenas convenção cultural. Você viaja em um extenso campo de informação que parece medir anos-luz de comprimento. Isso só se torna possível quando os insumos externos são reduzidos ao mínimo. Nessas condições, você vê o que Blake viu, o que Meister Eckhart viu, o que São João da Cruz viu. Talvez não aprenda com essas coisas tanto quanto eles aprenderam, mas, por outro lado, ninguém pode medir o oceano, nem Meister Eckhart nem ninguém. Não é fácil medir o oceano, mas podemos ser medidos por ele, confrontá-lo, e estar dentro dele.Acho que essas substâncias exerceram, exercem e continuarão a exercer grande impacto na história humana. Talvez elas sejam, de fato, a causa da história humana. Estamos tão habituados à doutrina da evolução - a idéia de que descendemos dos macacos – que tendemos a esquecer o fato de que o homem é, realmente, uma criatura estranha, muito estranha. Considerando que, em um milhão de anos, fomos desde a pedra lascada até o lançamento do ônibus espacial e a colocação de instrumentos fora do sistema solar, parece absurdo afirmar que as forças e fatos da natureza, tal como os conhecemos, nos permitiriam chegar a esse ponto. Prefiro optar por uma noção muito pré-modema: estamos mancomunados com o demiurgo. Somos filhos de uma força que mal podemos imaginar, uma força que nos chega das árvores e através das planícies da História, e que nos chama para ela. Esse processo está levando dez, vinte, cem mil anos - não mais que um instante. Os indivíduos vêm e vão, mas a natureza atua do ponto de vista da espécie, e, nessa escala, mal se passou um instante desde que só existiam neste planeta a pedra lascada e a farmacologia. A farmacologia precedeu a agricultura, uma vez que as propriedades das plantas vieram a ser conhecidas muito antes do seu cultivo. As visões transmitidas pela psilocibina - visões de enormes máquinas em órbita, de planetas distantes, de criaturas estranhas e vastas paisagens biomecânicas - mal podem ser processadas. A pessoa não sabe se está caminhando no interior de um enorme instrumento ou organismo. Mal podemos assimilar tais coisas. No entanto, essas visões constituem a imagem que nos guia no momento, a imagem que está sendo projetada no tempo histórico - da mesma forma como projetou o cálculo diferencial há cerca de duzentos anos, como projetou os grandes progressos da história humana. A história dos avanços científicos ou técnicos tem o caráter de revelação. Os homens aos quais esses avanços ocorrem costumam dizer: "Foi uma coisa que me veio, que me foi dada de repente." Leibniz inventou o cálculo diferencial quando estava estendido na cama, certa manhã. Newton fazia o mesmo a algumas centenas de quilômetros de distância, e os dois nem se conheciam. Ao longo dos milênios, tem havido um diálogo entre o eu individual e o Desconhecido, entre o eu coletivo e o Desconhecido. Demos a isso o nome de Deus. Os sacerdotes passaram a controlar esse diálogo e sobrecarregaram-no com todo tipo de "faça isso" e "não faça aquilo", coisas sem qualquer relação com a verdadeira experiência religiosa. Esta tem a ver com o diálogo com o Logos e aonde ele pode nos levar e o que pode nos mostrar. Hoje, portanto, quando nós, como espécie, estamos a ponto de abandonar ou destruir o planeta, o Logos ressurge com grande intensidade. Não sairemos deste planeta sem que a nossa mente seja transformada. O que está acontecendo é uma transformação global da humanidade em um tipo de criatura inteiramente diferente. Estamos saindo do invólucro do macaco. E essa coisa feita de linguagem, de imagem e de imaginação, que residiu nos macacos durante tanto tempo, está agora superando a evolução biológica e, através da cultura, assumindo as rédeas de sua própria forma e destino. O caos da nossa era, que tanto perturba a todos nós, não é absolutamente incomum. É o que normalmente acontece quando uma espécie se prepara para deixar o planeta. É o caos do fim da História.Não resta a menor dúvida. Há sinais disso por toda parte. E os sinais que nem todos percebem, que somente os aficionados das substâncias psicodélicas conhecem, são as transformações da cons*ciência, simultaneamente com a transformação da cultura técnica. Essas duas transformações são, de fato, expressões uma da outra.Os tempos atuais são as dores do parto de uma nova humanidade.



MONDO 2000... AGORA É TARDE


ACABOU VELHINHO!!!