sábado, 24 de outubro de 2009

KENNETH ANGER

“Sou um solitário e me orgulho disso. Trabalho sozinho por opção. Que fique claro que Hollywood nunca veio bater à minha porta; por isso, tive que me virar com o que tinha em mãos, liberdade e independência, guiado pelo meu espírito e pelo meu cérebro.”
Um dos inventores do cinema experimental americano, Kenneth Anger fez, aos vinte anos, o curta Fireworks, um pesadelo poético e sexual que chamou a atenção de Jean Cocteau e da vanguarda européia. Nas décadas seguintes, suas experiências em película, povoadas por fetiches gay, referências ao ocultismo e rock-’n’-roll, lançariam sementes em muitas direções. Pioneiro no uso de imagens editadas a partir da música pop, seus cortes são tidos como o fundamento do videoclipe.
FIREWORKS15’ Kenneth Anger EUA 1947 35 mm“Em Fireworks eu liberei todas as pirotecnias de um sonho. Desejos inflamáveis apagados durante o dia sob a água fria da consciência são acesos naquela noite pelos fósforos libertários do sono e explodem em chuvas de incandescência vibrante.” (Kenneth Anger)
RABBIT’S MOON 16’ Kenneth Anger França 1950 35 mmSegundo Bill Landis, o autor de Anger: The Unauthorized Biography of Kenneth Anger [Anger: uma biografia não-autorizada de Kenneth Anger], neste filme ele usa “uma rica textura mítica pancultural para explicar sua própria condição psicológica. O coelho na lua é tirado de um mito japonês, onde a lua representa, nos termos de Aleister Crowley, a fêmea principal. O cenário propriamente lembra a floresta art déco de árvores prateadas de Sonhos de uma noite de verão”.
SCORPIO RISING30’ Kenneth Anger EUA 1964 35 mmUma visão “erudita” do Mito do Motociclista Americano. A máquina como totem, do brinquedo ao terror. Tanatos em cromo e couro negro. Segundo o cineasta independente Stan Brakhage, Scorpio Rising é uma obra-prima no sentido específico de que é composto pelas claridades do fogo e da água, trabalhados por Anger em seus filmes anteriores, porém aqui dispostos em um ritual de ordem, profundidade e complexidade.
KUSTOM KAR KOMMANDOS3’ Kenneth Anger EUA 1965 35 mmPlanejado originariamente para ser um filme de trinta minutos, em oito partes, Anger descreve este filme como “uma visão onírica do fenômeno adolescente americano (e especificamente californiano) do mundo dos carros envenenados”. Anger realizou o episódio exibido como Kustom Kar Kommandos para angariar fundos para terminar o filme, mas não conseguiu e o projeto foi abandonado.
PUCE MOMENT6’ Kenneth Anger EUA 1949 16 mmPuce Moment é um fragmento de um projeto de filme abandonado chamado Puce Woman. O filme reflete as preocupações de Anger com os mitos e com o declínio de Hollywood, bem como com o ritual de vestir, com o movimento do interior ao exterior e com a sincronização de cor e som.
EAUX D’ARTIFICE12’ Kenneth Anger Itália 1953 16 mmEstrelando um anão de circo que Anger conheceu na Itália, esse filme deve seu figurino à avó do cineasta, cuja roupa ele adorava vestir quando garoto. “De todos os seus trabalhos, este seja talvez o mais abstrato: as águas que correm, fluem e escorrem assumem formas e ritmos interessantes”, escreveu a crítica Marilyn Singer sobre Eaux D’Artifice.
INAUGURATION OF THE PLEASURE DOME38’ Kenneth Anger EUA 1954 16 mmO filme é baseado em um dos famosos rituais dramáticos do ocultista britânico Aleister Crowley, onde os participantes do culto assumem a identidade de um deus ou deusa. Em outras palavras, trata-se do equivalente de um baile de máscaras. O evento é planejado ao longo de todo um ano e, na Noite de Todos os Sabás, eles se tornam os deuses e deusas com os quais se identificaram, e a coisa toda assume a forma de um happening improvisado.
INVOCATION OF MY DEMON BROTHER12’ Kenneth Anger EUA 1969 16 mmA invocação da Sombra do Senhor Lúcifer, quando os Poderes se reúnem para a missa da meia-noite. Segundo Richard Whitehall, crítico de cinema americano da LA Free Press, trata-se do “mais puro êxito visual de Anger, uma comunhão de forças pagãs que emerge da tela numa onda de poder místico e espiritual. O filme traz imagens estranhamente atraentes, ao som de trilha sonora de Mick Jagger num sintetizador Moog, que tem o poder insistentemente alucinatório do vodu”.
LUCIFER RISING29’ Kenneth Anger EUA 1972 16 mmLucifer Rising talvez seja o projeto mais ambicioso de Anger. Seu tema – Lúcifer, o anjo caído – se apossou do artista e o inspirou por uma década. A teologia cristã vê Lúcifer como a personificação do mal; a tarefa de Anger foi retratá-lo como o portador da luz, o lindo, mas rebelde, favorito de Deus. O filme traz repetidas performances memoráveis de Marianne Faithfull, do próprio Anger (como o Mago), e de importantes nomes da cena cultural londrina.

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